ATA DA DÉCIMA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 18.05.1999.
Aos dezoito dias do mês de maio do ano de mil
novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e vinte e
dois minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título
Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Waldemar Stimamilio, nos termos do
Projeto de Resolução nº 44/98 (Processo nº 2976/98), de autoria do Vereador
Cláudio Sebenelo. Compuseram a MESA: o Vereador Adeli Sell, 1º Secretário da
Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; o Senhor Alexandre
Goularte, representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Senhor
Mariano Costa, Presidente da Federação dos Taxistas e Transportadores Autônomos
de Passageiros do Rio Grande do Sul; o Senhor Lauro Furlan, Presidente do
Sindicato dos Taxistas Autônomos de Porto Alegre; o Senhor Waldemar Stimamilio,
Homenageado; o Vereador Cláudio Sebenelo, proponente da Sessão e, na ocasião,
Secretário “ad hoc’. Ainda, como extensão da Mesa, foram registradas as
presenças do Senhor Gilmar Gaspar Silva, representante do Secretário de Estado
de Obras Públicas, Saneamento e Habitação, e de Patrícia, Marise, Juliana,
Fernanda, Maria Cândida, Carlos Alberto, Jorge Roberto e Honório Stimamilio,
parentes do Homenageado. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para,
em pé, ouvirem à execução do Hino Nacional. Após, concedeu a palavra aos
Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Cláudio Sebenelo, em nome
das Bancadas do PSDB, PTB, PMDB, PSB e PPS, discorrendo sobre os motivos que o
levaram a propor a presente solenidade, teceu considerações acerca da
importância do trabalho do taxista dentro de uma sociedade urbana, ressaltando
os aspectos psicológicos e sociais envolvidos nessa atividade. O Vereador Cyro
Martini, em nome da Bancada do PT, saudou o Senhor Waldemar Stimamilio, falando
sobre a atuação profissional de Sua Senhoria e lembrando condecorações por ele
recebidas do Departamento de Trânsito, como ‘Motorista Modelo”, exemplo a ser
seguido por aqueles que convivem com o trânsito no Estado. O Vereador Elói
Guimarães, em nome da Bancada do PDT, destacando a justeza do Título hoje
entregue, comentou os diversos aspectos de qualificação humana envolvidos na
atividade de motorista de táxi e estendeu a presente homenagem a todos os
integrantes dessa categoria profissional. O Vereador João Carlos Nedel,
em nome da Bancada do PPB, manifestou-se acerca do significado da concessão do
Título de Cidadão Emérito, como o reconhecimento da comunidade porto-alegrense
pela atuação do Senhor Waldemar Stimamilio, como ser humano voltado para a
busca da construção da dignidade pessoal e profissional. O Vereador Reginaldo
Pujol, em nome da Bancada do PFL, discorreu sobre a
presença do motorista de táxi junto a uma comunidade, analisando a forma como
tal presença foi modificada através dos tempos e destacando o sentimento de
humanidade sempre encontrado no trabalho realizado pelo Senhor Waldemar
Stimamilio. Em continuidade, os Vereadores Adeli Sell e Cláudio Sebenelo
procederam à entrega do Diploma referente ao Título Honorífico de Cidadão
Emérito ao Senhor Waldemar Stimamilio e, após, o Senhor Presidente concedeu a
palavra ao Homenageado, que agradeceu o Título recebido. A seguir o Senhor
Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino
Rio-Grandense, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar,
declarou encerrados os trabalhos às dezesseis horas e vinte e seis minutos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Adeli Sell e
secretariados pelo Vereador Cláudio Sebenelo, Secretário “ad hoc’. Do que eu,
Cláudio Sebenelo, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata
que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º
Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Estão abertos os trabalhos da presente
Sessão Solene, destinada à entrega do título honorífico de Cidadão Emérito ao
Senhor Waldemar Stimamilio.
Convidamos,
para compor a Mesa, o Sr. Alexandre Goularte, representante do Sr. Prefeito
Municipal; o Sr. Waldemar Stimamilio, nosso homenageado; o Sr. Mariano Costa,
Presidente da Federação dos Taxistas e Transportadores Autônomos de Passageiros
do Rio Grande do Sul; e o Sr. Lauro Furlan, Presidente do Sindicato dos
Taxistas Autônomos de Porto Alegre.
Convidamos
todos os presentes para, em pé, ouvir o Hino Nacional.
(Executa-se
o Hino Nacional.)
Registramos
a presença dos Vereadores Cláudio Sebenelo, Elói Guimarães, João Carlos Nedel,
Cyro Martini e Reginaldo Pujol.
Concedo
a palavra ao proponente desta Sessão Solene, Ver. Cláudio Sebenelo, que falará
pela Bancada do PSDB, e falará também
pelo PTB, PMDB, PSB e PPS.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Centenas, milhares, um a um,
passam, com a pressa da nossa época, ou nem tanto. Passam, alguns não falam; de
muitos fica apenas o dinheiro ao final da corrida. Outros, a charla, o causo, o
drama, a catarse. Sua vida, descontado o custo operacional do imenso desgaste
estressante das nossas ruas, não permite outras incursões que não sejam a
rotina, a mesmice, a confundir-se com uma imensa vontade de ser útil; com um
carro, com uma placa, com um número.
Se
a tarifa aumenta, os clientes escasseiam; se mantém, ganha pouco, o mínimo para
sobreviver. Às vezes, à saída de um supermercado, outras, nas portas dos
prostíbulos, boates, casas de espetáculo, cinemas, teatros, gentileza de sempre
às senhoras, às prostitutas. Sempre à disposição. Ou no aeroporto, na
rodoviária, nas gares de trem. Que
explosão de alegria é uma chegada! Quanta tristeza num adeus! Ele sabe,
percebe, pela sabedoria da escola quotidiana. Sentado no duro banco do destino,
dirigindo, pelo menos, o seu próprio volante, passa a sua vida sobre rodas de
borrachas ou na roda gigante da vida, conversando pelo espelho retrovisor,
indicando ao forasteiro o melhor
restaurante, as últimas da política, as visões de mundo. O motorista de táxi é
um curioso personagem das nossas cidades. Testemunha e protagonista da história
contemporânea, tem, no automóvel, o seu fetiche e, ao mesmo tempo, o seu algoz:
carro que sustenta; carro que mata, a qualquer distração. É comandado pela
regra rígida de sempre. Mas há que ser forte. Nessas manhãs frias, cedo, carro
limpo, uma série de pré-requisitos a preencher, cheio de informações, lá vai o
motorista de táxi, palmo a palmo, rodando a cidade. Gasta os pneus, com medo da
cidade, com medo de morrer, de perder a sua máquina de trabalho. E é
imprescindível o terceto sempre equilibrado para o sucesso: máquina, motorista,
usuário. Mas também é preciso carteira de habilitação, curso profissionalizante, profundo conhecimento da
mecânica, profundo conhecimento da psicologia da dona de casa, do casal de
amantes que se refugia no bordel, dos segredos dos pontos de táxi, da alma dos
bairros, da amizade dos colegas, do Sindicato e da Cooperativa. Pane, porrada,
coluna dolorida no fim do dia.
Há
54 anos, Waldemar, mudam os tempos, todos os dias, mas a rotina não muda. Sem perder a dignidade, família à sua
volta, como um velho cacique, vai mostrando às gerações seguintes como se vive,
ou melhor, como se convive, como se abrem caminhos na aldeia e nos corações. A
maioria dos títulos da envergadura do de Cidadão de Porto Alegre é reservada
aos grandes vultos da Cidade, aos políticos, aos acadêmicos, intelectuais,
empresários, ricos proprietários. Raramente emerge com destaque alguém da
classe média baixa, alguém integrado à massa, sem dinheiro, apenas um rosto na
multidão. É exatamente por isto que a conquista cresce em importância.
“Seu”
Waldemar, seu táxi, seu ponto na Rodoviária, seus colegas, os filhos
realizados, os netos crescidos, sua circunstância à volta, tudo isto é página
inteira de jornal, é notícia, é manchete, longa entrevista no horário nobre da
TV COM, com Lauro Quadros.
Hoje
é dia de festa para Porto Alegre, mas a glória é a de sempre: a de funcionar,
hora a hora, neste chão da Cidade escolhida, servindo aos porto-alegrenses,
muitos deles famosos, há mais de meio século. Mas servindo, também, de exemplo,
ao fazer amigos permanentemente, ou de como ser destaque, sem ser rico, sem ser
influente.
De
bem com a vida, isto só pode ser avaliado na melhor unidade de medida que
poderíamos lançar mão: a grandeza humana. Essa grandeza de cruzar nossas ruas e
o tempo com amor ao seu carro, à sua gente e, de vez em quando, o velho taxista
roubar um tempinho para dormir. Dormir e sonhar. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Anunciamos, como extensão da nossa Mesa,
o representante do Secretário do Estado
das Obras e Saneamento, Dr. Pedro Ruas, o Sr. Gilmar Caspar Silva; os filhos do
nosso homenageado, Maria Cândida, Carlos Alberto, Jorge Roberto e Honório; suas
netas, Patrícia e Marise; suas bisnetas Juliana e Fernanda; e demais mais parentes e convidados.
Com
a palavra o Ver. Cyro Martini pela Bancada do PT.
O SR. CYRO MARTINI: (Saúda os componentes da Mesa.) Senhores,
Senhoras, na qualidade de representante do Partido dos Trabalhadores, não
poderia sentir-me mais honrado pelo simples fato de que estamos diante de um
homenageado que primou e se qualificou no curso de sua vida, justamente por
exercer - e bem, modelarmente - uma atividade, um trabalho valioso para a nossa
comunidade. Só este fato já seria motivo de honra para mim. Entretanto, a minha
satisfação percorre o passado, busca, no fundo da alma, lá na memória, o velho
DETRAN - Departamento de Trânsito -, aquele que só tinha honra, vontade, ardor,
porque não tinha dinheiro, mas sabia como fazer as coisas. Está aqui um
exemplo, hoje, diante de nós: Waldemar Stimamilio! Todos concordamos, os que
aqui estão, ser justa a homenagem; os que aqui não estão também concordam
conosco. A imprensa concordou e, de modo acentuado, porque abriu página inteira
para esse exemplo. Por isso eu me sinto satisfeito, porque no passado exercemos
esse império moral da justiça ao condecorá-lo, por mais de uma vez, como
motorista exemplo, motorista padrão. Digo nós, podendo ter sido eu, pessoalmente,
ou qualquer um daqueles outros que tiveram a honra e o prazer de dirigir aquele
Departamento que, repito, tinha mais vontade e ardor do que recursos. Então, o
Motorista Modelo é uma iniciativa que se pôde tomar, sem recursos, apenas com a
imaginação, prevalecendo-se do valor e da importância moral, profissional e
exemplo de pessoas, como Waldemar Stimamilio, em que se presta uma homenagem,
também levando uma mensagem positiva para dar condições melhores para o
trânsito. O trânsito que mata, que ceifa vidas.
Vimos
pelo noticiário desta manhã, a morte estúpida de uma expressão nacional no
campo do romance e da telenovela, vimos o quanto é frágil a vida humana de uma
parte, e o quanto é assassino o trânsito. Uma manobra ligeira, mal realizada
acabou por matar uma expressão nacional. Por isso são válidas iniciativas como
essa do Motorista Modelo para indicar, “esse é o caminho”. O caminho do
respeito, o caminho da lei, o caminho da ordem, o caminho da segurança, o
caminho da vida e quando assim pensamos, pensamos em motoristas como o Waldemar
Stimamilio. E se me permitirem, olhando os cabelos brancos de grande parte dos
motoristas, dos profissionais do volante de Porto Alegre, dos profissionais dos
veículos automotores, dos profissionais dos automóveis de aluguel, nós vemos
quantos exemplos estão ali consolidados, maravilhosos, que se estenderam no
curso de longos anos, 53 anos, como Waldemar Stimamilio, ou até mais, no que
diz respeito a outros; ou menos, mas também de grande expressão em termos
quantitativos e muito mais em termos de qualidade.
Por
isso, esses fatos e esse reconhecimento, houve-se bem o Ver. Cláudio Sebenelo,
quando apontou Waldemar Stimamilio como exemplo de cidadão e de profissional.
Esta Casa está, aos poucos, encaminhando-se, no meu entendimento, no sentido
mais acertado para buscar recolher lá no meio da multidão, lá nos homens que se
escondem entre o amontoado de pessoas, os exemplos dignificantes e construtivos
como Waldemar Stimamilio, que não é empresário, que não é grande homem em
termos de condições econômicas, mas que é uma expressão com imensuráveis
valores morais e sociais. Esta Casa está, assim, no meu entendimento,
caminhando melhor, não buscando nos
poderosos, que dispõem de condições ricas, de poder econômico, para não sei
qual sentido, porque isso não constrói moralmente. No meu entendimento, a
construção moral deve ser buscada em pessoas, em profissionais como Waldemar
Stimamilio.
Eu
fico extremamente honrado por poder transmitir a homenagem do Partido dos
Trabalhadores ao estimado, querido “Motorista Padrão” de todos os tempos e hoje
“Cidadão Emérito de Porto Alegre”, Waldemar Stimamilio. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
pela Bancada do PDT.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Taxistas, amigos, familiares do
homenageado. Preliminarmente, saúdo o autor da homenagem, Ver. Cláudio
Sebenelo, que foi extremamente oportuno, inteligente e justo quando propôs esta
homenagem ao Waldemar. E quando o Projeto ingressou na Casa, recebeu
manifestações de todas as Bancadas sendo apoiado pela unanimidade da Casa.
Estamos hoje, aqui, para este preito de homenagem a uma figura que poderíamos
dizer exemplar como homem, como ser humano, como trabalhador, como taxista.
Porque ser motorista profissional já envolve muitos aspectos da qualificação
humana no trato com a máquina complexa que é o automóvel, o ônibus, etc. Agora,
ser motorista de táxi implica outras qualificações. Quando falamos no taxista,
nos vem apenas um dos aspectos da sua atividade, que é o de transportar
passageiros.
Tive
a oportunidade e tenho tido, ao longo do tempo em que estou nesta Casa, a grata
satisfação de me relacionar com a categoria, com os taxistas. Também quando
Secretário Municipal dos Transportes, tive a oportunidade de aprofundar o
conhecimento e a visão desta atividade importante para a Cidade que é o serviço
de táxi. Essa não é uma atividade qualquer, é uma atividade de utilidade
pública que presta relevantes serviços ao desenvolvimento, à humanização e ao
progresso da Cidade. É dentro dessa
categoria, dentro desse contexto que está a figura do homenageado, homem probo,
homem exemplo, como pai, como chefe de família, como homem de princípios e
profissional de escol, amigo estimadíssimo pelos seus companheiros, pela sua
categoria. É exatamente dentro deste contexto que está o homenageado que,
juntamente com os seus colegas, realiza inestimáveis serviços à Cidade de Porto
Alegre. Todos nós, aqui da tribuna, fizemos colocações sobre o seu papel, a sua
função, a sua importância. O taxista - tenho dito e volto a dizer nesta tarde,
hoje estamos homenageando a figura do Waldemar, mas também estamos homenageando
os seus colegas - é daquelas poucas
categorias ou de pessoas que quando encontra alguém caído, sangrando na rua,
pára o táxi, coloca-o dentro do táxi e leva-o para o Pronto Socorro. Esse papel
de prestação humana não acontece, infelizmente, com a maioria daqueles carros que
passam. Pois esta tem sido, ao longo do tempo, e com o Waldemar, perdeu-se de vista o que prestou nesse
sentido, exatamente essa função importante. O papel do taxista como homem que
conhece tudo, que sabe tudo, é um homem extremamente preparado, na nossa
sociedade. Aqui, estou falando para
pessoas que conhecem, evidentemente são taxistas, familiares, amigos. O
Waldemar esse homem simples, modesto, tem todo preparo, é um homem que conhece
tudo, sabe tudo, não só da Cidade, porque quem conhece a cidade conhece o
universo, quem conhece o torrão, a sua terra, conhece o mundo. O taxista é uma
pessoa preparadíssima. Se alguém quiser se informar de como vão as coisas - nem
falo no conhecimento geral da cidade, da sua topografia, dos seus lugares, das
suas ruas, enfim, dos locais - chega-se ao taxista. Esta já é uma cultura que se formou em Porto Alegre, como de
resto no Rio Grande do Sul, se vamos para algum lugar, vamos ao taxista.
Nestes
tempos de violência, a gente tem acompanhado, o serviço de táxi, mormente nas
horas noturnas, nas chamadas horas mortas, tem-se transformado num verdadeiro
refúgio, onde as pessoas acorrem ao táxi para, dentro dele, serem deslocadas a
determinados lugares, e ali se tem a segurança do taxista.
Então,
o taxista é um livro aberto da nossa Cidade. Quem quiser saber o que está
acontecendo na cidade, inclusive saber os diagnósticos sobre as eleições -
vejam a importância deste dado -, fale com o taxista. Chegando-se em Porto
Alegre e, querendo alguma informação, converse com o taxista, porque dele terá
exatamente um conjunto de informações.
E
vejam, Senhores e Senhoras, é exatamente esta figura, o representante desta
categoria, este homem benquisto na sua categoria, este homem de bem é a quem
estamos prestando a homenagem. E não é a homenagem do Ver. Cláudio Sebenelo.
Ele teve esta feliz iniciativa, oportuna iniciativa, mas é a Cidade que aqui
está. Quando a Casa fala por seus integrantes é a Cidade que fala, porque a
Câmara Municipal de Porto Alegre representa exatamente a vontade democrática da
maioria da Cidade. E temos dito que o Executivo não representa a maioria quando
chega no poder, porque é eleito por cinqüenta e tantos por cento da Cidade, mas
aqui está a vontade da Cidade. A vontade da Cidade se expressa na Câmara Municipal.
E a vontade da Cidade, Waldemar, é o povo de Porto Alegre que está aqui, hoje,
te homenageando, rendendo homenagens ao teu trabalho, à tua luta. E nós, aqui,
ao encerrar, queremos dizer deste momento importante, o que significa para a
história da Cidade, o que significa para a história da Casa, apreender este
momento importante, que é muito importante, quando concedemos o título
merecidíssimo ao Waldemar. A Cidade deseja que continues fazendo o que sempre
fizestes, honrando o ser humano pelo teu comportamento, pela tua dedicação. Que
Deus abençoe a tua família, os teus, os taxistas, que exercem atividades
complexas e difíceis. Nós vivemos momentos tão difíceis e quantos companheiros
de vocês, trabalhando, buscando o dia-a-dia para a sua família, tombam no
exercício da atividade. Assim, quando homenageamos figuras como o Waldemar e
tantos outros, é um grande momento para a Casa, é um resgate da cidadania que
estamos fazendo aqui.
Fica,
portanto, a nossa homenagem, a nossa saudação e o desejo de que, cada vez mais,
o Waldemar e os seus companheiros taxistas
continuem enobrecendo a Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra para falar em nome do PPB.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Primeiramente, desejo cumprimentar
o ilustre Ver. Cláudio Sebenelo pela brilhante iniciativa de homenagear o Sr.
Waldemar com o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre. E, por isso, em nome
da Bancada do Partido Progressista Brasileiro, a qual tenho a honra de compor,
juntamente com os Vereadores João Antônio Dib e Pedro Américo Leal, o nosso
Partido lhe homenageia pela importância deste título e de seu elevado merecimento.
Cidadão
Emérito significa, em última análise, aquele que cumpriu com o seu dever e foi
além, trabalhou com amor, colocou amor em seu trabalho. Quem coloca amor
naquilo que faz, realiza com mais perfeição.
Pela
sua categoria lutou muito, fundou o Sindicato dos Taxistas Autônomos em 1955,
há quarenta e quatro anos. Quantas pessoas aqui não têm nem a metade disso? E o
Sr. Waldemar já estava fundando uma entidade associativa por sua categoria.
Também
ajudou a fundar a Cooperativa dos Taxistas de Porto Alegre e participa há muito
tempo da Federação dos Taxistas e Transportadores Autônomos de Passageiros do
Rio Grande do Sul.
Além
disso, pela sua dedicação, pelo seu trabalho, é que hoje a Câmara o elogia e
cumprimenta, apesar de já ter recebido muitos títulos, dentre os quais os de
motorista-padrão, motorista-modelo, de exemplo de profissional.
Mas
não foi só na sua profissão que o Sr. Waldemar se destacou com amor. Na
quinta-feira passada realizamos aqui, neste Plenário, o primeiro seminário
sobre a família, e nós poderíamos, neste seminário que tentou verificar o que
fazer em benefício do fortalecimento da nossa família, da família que é a base
da sociedade, nós poderíamos ter apanhado, Ver. Elói Guimarães, e Ver.
Reginaldo Pujol, nós podíamos ter apanhado o Sr. Waldemar Stimamilio como
paradigma. (Palmas.) Pois, casado em segundas núpcias com a Dona Líria Lima
Stimamilio, há quarenta e nove anos, que coisa linda, gerou cinco filhos, o
Honório, a Maria Cândida, o Carlos Alberto, a Maria Cristina e o Jorge Roberto,
mais oito netos e cinco bisnetos. E na reportagem do Jornal Zero Hora desta
semana, o católico e paroquiano, do Padre Maximo lá da Igreja Auxiliadora, nos
deixa uma lição de vida, dizendo que conseguiu transmitir aos filhos o exemplo
de honestidade e de dignidade, e por isso o Sr. Waldemar se sente realizado.
Que conseguiu transmitir os valores fundamentais de vida em sociedade para os
seus filhos, fortalecendo a sua família e fortalecendo a família, nós
fortalecemos toda a sociedade, todo o nosso
País, todo o mundo. E, por isso, Porto Alegre está de parabéns, por receber
hoje um novo cidadão emérito, que soube deixar exemplo de vida, de dedicação ao
trabalho e à sua categoria profissional, de exemplo de amor à família que é a
base da sociedade. Nós, da Câmara Municipal de Vereadores, lhe agradecemos, Sr.
Waldemar, pelo bem que o senhor transmitiu e transmite a toda a sociedade, em
especial a Porto Alegre.
Na
semana que comemoramos Pentecostes, a semana que comemoramos o Espírito
Santo, peço que o Espírito Santo
continue sempre lhe acompanhando por toda a sua vida e que o senhor continue
sempre nos dando bons exemplos. Obrigado, parabéns.
(
Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
pelo Partido da Frente Liberal.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
(Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) O meu querido amigo Sérgio
Souza, Presidente do Rotary Clube de Porto Alegre que, com a sua esposa, nos
prestigia nesta tarde, haveria de, com o seu senso de humor extremamente
aprofundado, cogitar, nesta hora, as dificuldades que eu estaria encontrando,
como efetivamente estou encontrando, ao assumir esta tribuna. É que fui
precedido de oradores brilhantes, a começar pelo insigne Ver. Cláudio Sebenelo,
de cuja pena brilhante e sensibilidade profunda nasceu esta homenagem. De outro
lado, Cyro Martini, Elói Guimarães e agora João Carlos Nedel formam um conjunto
de inteligências desta Casa, que se acoplam neste momento com toda a justiça para
manifestar ao novo Cidadão Emérito de Porto Alegre, todo o esplendor da
homenagem singela que, hoje, nós lhe prestamos, mas que nós queremos que
transborde de calor humano, transborde de amor e, sobretudo, transborde de
sinceridade.
É
verdade que analisado o Sr. Waldemar Stimamilio como profissional e como chefe
de família, nós já estaríamos, Ver.
Cláudio Sebenelo, com toda essa gama de elementos organizados, de tal sorte
que, retoques mínimos, pudessem a ele ser
acrescidos.
Eu,
ainda ontem, induzido pelo Ver. Cláudio Sebenelo, prestava atenção à reportagem
que o Jornal Zero Hora publicava, em que anotava determinadas características
que de certa forma, Sr. Waldemar, com aqueles mais idosos, e hoje
lamentavelmente, eu sou um dos mais idosos da Casa, paguei o preço da minha
juventude para alcançar esta situação, recordo com muita saudade aquele tempo
do saia e blusa, aquele tempo em que o motorista de taxi era o chofer do carro
de aluguel, com o qual a gente tinha assentamentos solenemente formalizados,
era preciso que na hora tal ele se encontrasse na porta da nossa casa para que
a gente cumprisse um compromisso que variava da primeira comunhão, que seguia,
muitas vezes, ao aniversário dos quinze anos, o batizado do primeiro neto ou do
primeiro filho, o baile de formatura. Tudo isso tinha que se fazer com o seu
Chevrolet, não este que a GM, agora, vai produzir em série, ali no Município de
Gravatai, graças a Deus, mas com aquele velho Chevrolet saia e blusa, como os
Ponthiac, os Studbackers e todos mais, aqueles veículos grandes em que a gente
ia confortavelmente estabelecido, muitas vezes até em corso, como se usava a
expressão, nas festas maiores, em que era colocada a faixa na rainha do Grêmio
Estudantil, como muitas vezes lá na Sociedade Gondoleiros, Ver. Elói Guimarães,
a gente coroava a rainha do nosso Colégio Estadual Dom João Becker. Para tanto,
tínhamos que ter a contribuição, a colaboração espontânea, profissional, mas,
acima de tudo, integrada, daqueles que eram os operadores da praça de automóveis
existente nas proximidades do colégio. Sei que o Seu Waldemar é um homem que
dificilmente daria grandes informações na pesquisa eleitoral que o Ver. Elói
Guimarães preconizou como sendo o melhor lugar para ser feita, na consulta aos
taxistas, que sempre dão o termômetro político da Cidade. É que o Seu Waldemar
- ainda ontem lia, na “Zero Hora” - não
admite discutir política, futebol ou religião. Por isto pôde transportar, com
toda tranqüilidade, a competência política deste lendário Flores da Cunha, nosso
Governador no período do Estado Novo, Interventor no Estado; pôde conduzir a
pena brilhante de Assis Chateaubriand; pôde conduzir o grande cantor Chico
Alves, que encantava as multidões; e o fez com a sobriedade de sempre. Mas eu
sei, Seu Waldemar - e o Senhor não vai poder negar - que uma corrida que o
Senhor fez, da Praça da Alfândega até a Praça Júlio, lhe deu um encantamento
especial. Naquele dia em que o Senhor levou o velho Tio Luiz, o Luiz Carvalho,
o homem da virada, o Senhor tranqüilamente agradeceu a ele pelos vários golos e
várias alegrias que ele proporcionou no nosso Tricolor do coração. Neste
momento, a sua imparcialidade terminou, porque gremista que é gremista pode
ficar quieto, mas no fundo continua amando o seu Grêmio e torcendo pelas suas
cores.
Então,
Seu Waldemar, quero lhe dizer o seguinte: como gremista, como pessoa que tem
uma afinidade muito grande com a atividade que o Senhor realiza, que tem o
privilégio de ter, a cinqüenta metros da sua residência, um ponto de táxi,
repleto de amigos, que ainda hoje me transportaram e eu fiquei devendo a conta,
tal o nosso entendimento; a caderneta, para nós, é verbal, não existe anotação;
de tempos em tempos a gente acerta tanto as minhas quanto as corridas da minha
família. E eu, que tenho respeito pela atividade que o Senhor realiza com tanto
amor, reconheço que temos que buscar nestes exemplos as homenagens que a Casa
perpetua. E olhe bem que estas homenagens não são tão freqüentes na Casa. Cada
Vereador pode, anualmente, escolher uma única pessoa para ser a destinatária
desta dessa homenagem. E essa homenagem passa por uma série de pré-requisitos:
todas as Lideranças são consultadas ou são ouvidas as Comissões, é debatido,
aprovado - e, no seu caso, por unanimidade - e depois é que se chega a este
momento como hoje.
Então,
eu quero, Sr. Waldemar, de coração aberto, de tricolor para tricolor, de
usuário para condutor, dizer o seguinte: muito obrigado pelo que o senhor fez
pela nossa gente, pela nossa Cidade. E muito obrigado, mais ainda, por permitir
que o seu exemplo possa por nós ser apresentado a Porto Alegre e ao Rio Grande
como um exemplo vivo das qualidades que nós queremos ver entronizadas de vez
por todas no âmbito da nossa sociedade. É de homens de bem, é de chefes de
família exemplares, é de profissionais competentes que nós precisamo-nos valer,
para exemplificar, neste mundo de tantas contradições, quais os valores que nós
queremos edificar como valores a serem perenemente festejados por todas as
comunidades ad aeternum. O trabalho, a
responsabilidade, a honestidade, a lisura, e, sobretudo, o carinho e o amor com
que o senhor criou os seus filhos, adoça a vida dos seus netos e dos bisnetos.
Sinta-se feliz e reparta conosco a felicidade de que hoje nós somos portadores,
de poder colocar na galeria dos ilustres Cidadãos Eméritos de Porto Alegre um
homem do seu porte, um homem de bem, um homem decente, um homem honesto, um
homem trabalhador. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Convidamos o proponente da homenagem,
Ver. Cláudio Sebenelo, para que, conjuntamente, façamos a entrega, ao nosso
homenageado, Sr. Waldemar Stimamilio, do Diploma de Cidadão Emérito da Cidade
de Porto Alegre, conforme Resolução nº 44/98.
(É
procedida à entrega do Diploma de Cidadão Emérito de Porto Alegre.)
Agora,
portanto, temos a honra de ouvir a palavra do mais novo Cidadão Emérito de
Porto Alegre, o Sr. Waldemar Stimamilio.
O SR. WALDEMAR STIMAMILIO: Exmo. Sr. Presidente e demais Vereadores
da Câmara Municipal de Porto Alegre, Senhoras, Senhores. Vivo hoje, através
deste ato formal e solene que me proporciona a conceituada e respeitada Câmara
Municipal de Porto Alegre, o momento mais significativo de minha longa
existência. Os pensamentos percorrem com rapidez a estrada dos meus setenta e
seis anos de vida e me vejo ainda guri, aprendendo e trabalhando sob a
orientação segura e enérgica de meu pai Jacób Stimamilio, um simples ferreiro
estabelecido no Bairro da Cavalhada, onde nasci. A fascinação pela condução de
veículo me direcionou para o exercício da atividade profissional de motorista,
quando, em 17 de julho de 1945, obtive a primeira carteira de habilitação.
Percorri vários estados do Brasil transportando cargas, mas foi transportando
pessoas, na condição da então denominação de chofer de praça, que dediquei a
maior parte da minha vida profissional: exatos cinqüenta e três anos, cinco
meses e um dia, até hoje. Primeiro, no Bairro da Lapa, no Rio de Janeiro;
depois, na Praça da Alfândega, nesta Capital; e atualmente, no ponto da Estação
Rodoviária de Porto Alegre. Entendi, desde o início, que o motorista de táxi é
um importante prestador de serviço à população de uma cidade. Compartilha,
mesmo sem querer, com as mais diversas emoções dos usuários de seu veículo;
percebe anônimo interlocutor e confidente, e, em certas ocasiões, até mesmo um
conselheiro, em uma sucessão interminável de pessoas e fatos, onde a rotina não
encontra lugar. Ao longo desses anos tenho recebido e transportado em táxi
pessoas das mais diversas idades e classes sociais Com freqüência regular tenho
tido o privilégio de conversar com e servir a importantes políticos,
empresários, jornalistas, artistas, atletas e outros inúmeros segmentos de uma
sociedade.
Como
motorista de táxi, casei, fiquei viúvo, voltei a casar, constituí família,
mantive, eduquei e encaminhei meus filhos para o mundo. Procurei e consegui ser
exemplo de familiar, homem e cidadão. A almejada aposentadoria como motorista
foi conquistada no ano de 1983, mas, é bem verdade, a importância recebida para
tal benefício, atualizada em duzentos e dezessete reais mensais, não me permite
deixar um dia sequer de trabalhar.
Venho,
entretanto, percebendo que não tem sido em vão o meu esforço, a minha dedicação
e a minha correção de vida, tanto particular quanto profissional. Se de um lado
o destino não me concedeu uma necessária e adequada correspondência financeira
para uma inatividade com segurança e conforto, restou-me a satisfação do dever
cumprido e o reconhecimento, este, sem dúvidas, a paga principal.
São
meus troféus profissionais um prontuário isento de qualquer registro de multas,
dois Certificados de Motorista Modelo, concedidos pela Polícia Civil através do
Conselho Estadual de Trânsito, uma placa de Condutor Exemplar, concedida pelo
Touring Club do Brasil e DETRAN/RS, e o Prêmio Distinção, concedido pela
Secretaria Municipal de Transporte de Porto Alegre.
Registro
a tristeza de ter passado pela aflição de um assalto em 1986, às 17 horas, em
frente ao aeroporto Salgado Filho.
O
título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre, de que espero ser
merecedor, é uma homenagem que jamais pensei em receber. É o máximo para a
minha humilde pessoa. Estou orgulhoso de ser motorista profissional de táxi e
Cidadão Emérito da minha cidade natal.
Ao
agradecer aos ilustres integrantes da Câmara municipal de Vereadores, destaco
um especial e sincero muito obrigado ao digno Vereador Cláudio Sebenelo,
responsável pela apresentação e encaminhamento da Exposição de Motivos que foi
aprovada para o honroso título honorífico que me foi concedido.
Um
beijo à minha esposa Líria, aos meus filhos Honório, Maria Cândida, Carlos
Alberto, Maria Cristina e Jorge Roberto, netos e bisnetos, demais familiares e
amigos que me prestigiam com suas presenças.
Agradeço
a Deus por tudo.
Obrigado
a todos.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Senhoras e senhores, permitam-me quebrar
o protocolo e dizer que a homenagem prestada pelo nobre Ver. Cláudio Sebenelo e
a palavra dos Vereadores Cyro Martini, Elói Guimarães, João Carlos Nedel e Reginaldo
Pujol são as palavras não apenas dos trinta e três Vereadores que representam o
conjunto da Cidade de Porto Alegre, mas de todos os homens e mulheres desta
Cidade, e de todos aqueles que, por vezes, não agradeceram pela gentileza e
cordialidade do condutor do táxi que os levou ao seu destino, e por outras
tantas vezes que levou essas pessoas aos seus mais caros sonhos.
Convido
a todos, ao finalizarmos esta Sessão em homenagem ao nosso Cidadão Emérito Waldemar Stimamilio, para ouvirmos o
Hino Rio-grandense.
(Executa-se
o Hino Rio-grandense.)
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 16h26min.)
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